quinta-feira, 22 de maio de 2014

CRISE IMOBILIÁRIA JÁ 'ASSOMBRA' LAVRENSES

O intenso namoro imobiliário que gerou uma grande abertura de agências imobiliárias impulsionou todo o setor da construção civil e fez famílias com baixa poder aquisitivo ascender ao sonho de ter a casa própria, já está perto do fim. A alta nos preços dos imóveis perdeu força pelo quinto mês seguido em abril, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

No mês passado, o preço médio do metro quadrado nas 16 cidades analisadas subiu 0,49% em relação a março. No mês anterior, o acréscimo foi de 0,64%. Na cidade de Lavras, no Sul de Minas, no auge do sucesso imobiliário, espraiados em direção aos extremos, condomínios horizontais apelavam para o contato com a natureza. Novos programas habitacionais - e também a falta deles - empurraram a população para periferias, ocupando e desenvolvendo regiões mais afastadas e antes isolados de habitações.

Hoje, a cidade já começa a sentir a crise da “bolha imobiliária”. Lavrenses que gastaram economias e investiram na construção de imóveis comerciais e residenciais com o intuito de utilizá-los na locação, como forma de gerar renda, agora enfrentam o desafio do mercado.

Com muita oferta e pouca procura, o retrato na cidade de mais de 98 mil habitantes é de imóveis repletos de placas de inúmeras agências imobiliárias a espera de clientes. As mesmas agências, que se multiplicaram com o “boom” imobiliário, tem pela frente o desafio de se manterem de pé em um cenário desanimador.

Entre 2008 e 2011, profissionais de diversas áreas como servidores públicos, publicitários, advogados, jornalistas e muitos jovens recém-formados decidiram virar corretores, embarcando naquele período de euforia e encanto imobiliário. Hoje, sobram dívidas para quem se esqueceu de, pois o “boom” do mercado deu lugar ao retorno da estabilidade.

O freio na economia brasileira, o endividamento das famílias, o excesso da oferta de imóveis e a forte especulação levaram à acomodação do mercado. Imóveis que eram alugados em 2010 e 2011 por valores em torno de R$ 1.500,00, por exemplo, hoje, podem ser alugados por valores na casa dos R$ 900,00. Segundo especialistas, não se pode comparar o mercado de compra e venda com o mercado de aluguel, visto que para a compra há o crédito imobiliário que continua em alta. Muitas vezes, os imóveis ficam desocupados na esperança de que ainda serão alugados pelos valores praticados anteriormente.

O professor de economia Luis Carlos Ewald, conhecido como “Sr. Dinheiro” por suas aparições no programa Fantástico, em entrevista ao site econômico InfoMoney, disse que no atual momento “não se vende nada e tem muita oferta. Quem comprou, não consegue vender. Está desesperador”. “Eu também já estou avisando faz tempo. Quando o mercado fica assim fantasioso, pode esperar uma crise, porque ela irá vir. Eu já vi isso acontecer três vezes no Brasil e todas as vezes foi a mesma coisa”, ressalta o economista americano Robert Shiller, vencedor do Prêmio Nobel em 2013, que previu o estouro das bolhas da Nasdaq e do Subprime nos Estados Unidos.

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