sexta-feira, 25 de março de 2016

IMPASSE VIVIDO PELO BRASIL NA POLÍTICA MOTIVA DEBATE NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

Crise foi avaliada por pesquisadores do Instituto de Ciências Humanas e Letras



A comunidade universitária da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) lotou o auditório Doutor João Leão de Faria para o debate sobre a atual crise política no país, organizado pelo Instituto de Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL).

“Crise política: golpe ou renovação” foi o tema do evento que reuniu pesquisadores das áreas de Ciência Política, Sociologia, História e Letras da Instituição.

A iniciativa teve por objetivo construir entendimentos sobre as possíveis consequências do impasse vivido pelo Brasil, numa tentativa de apontar para questões diretamente relacionadas à preservação e aprofundamento da democracia brasileira tais como corrupção, papel da mídia, legalidade democrática, entre outros.

Durante o debate, os participantes traçaram um paralelo entre a crise atual e a ditadura, resgatando fatos históricos que marcaram o Brasil e também o Chile, no período ditatorial militar daquele país. 

Conforme avaliação da professora do curso de História, Marta Gouveia de Oliveira Rovai, a história não se repete, porém, estratégias demonstram a cultura política autoritária presente na história brasileira.

O professor do curso de Letras Ítalo Oscar Riccardi, nascido no Chile, fez uma referência entre  elementos presentes na crise atual da política brasileira e o quadro político do Chile, no início da década de 1970.

De acordo com o professor de Ciência Política, Sandro Amadeu Cerveira, diretor do ICHL, não há risco da cultura política autoritária no Brasil se manifestar por meio de um golpe militar, no entanto, o docente observou que nos últimos anos, o Legislativo e o Executivo acabaram se omitindo na regulamentação de temas polêmicos,  por receio da reação da base eleitoral; função então assumida pelo Judiciário. 

Segundo análise do pesquisador, a crescente judicialização da política coloca em risco a institucionalidade democrática.

“A ficção da imparcialidade no Judiciário” foi abordada pelo professor Lucas Cid Gigante do curso de Ciências Sociais, que na oportunidade, citou que há um trânsito cotidiano entre os sujeitos do Judiciário e da esfera política, afastando a ideia de descolamento das relações sociais.

O professor Raphael Nunes Nicoletti Sebrian, do curso de História, comentou que a crise político-institucional no Brasil não é específica e tem sido vivenciada por outros países da América Latina. 

Lembrando a ascensão e queda de governos eleitos a partir de coalizões, estratégia fundamental para que partidos de esquerda chegassem ao poder na América Latina, o pesquisador afirmou que essa característica justifica por que parte dos projetos enraizados em suas origens não foi colocada em prática.

Para Rafael Nunes, apesar da inserção do Brasil no contexto latino-americano, há especificidades em cada caso e, que, portanto, as soluções não são iguais para esses países.
com Ana Carolina Araújo - da assessoria

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