terça-feira, 31 de maio de 2016

PRESO EX-SECRETÁRIO DE ANASTASIA

Operação contou com a participação de 37 servidores do MPMG, 140 policiais militares de Minas Gerais, 22 policiais militares de São Paulo, 15 policiais civis e oito auditores e gestores da Secretaria da Receita Estadual


O tucano Nárcio Rodrigues da Silveira (PSDB), ex-presidente do PSDB de Minas e ex-secretário de Estado na gestão de Antonio Anastasia (PSDB-MG), entre 2011 e 2014, foi preso na manhã desta segunda-feira, 30, na operação Aequalis do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

A ação faz parte de investigações que apuram o envolvimento de agentes públicos ligados ao estado de Minas Gerais e empresários, brasileiros e portugueses, em esquema de desvio de recursos públicos. 

Segundo auditoria da Controladoria-Geral do Estado (CGE), os valores desviados entre os anos de 2012 e 2014 superam 14 milhões de reais e deveriam ser destinados a construção e a projetos da “Cidade das Águas”, desenvolvida em Frutal pela Fundação Hidroex, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais.

Foram cumpridos, simultaneamente, 27 mandados de busca e apreensão, sendo os alvos localizados nos municípios mineiros de Belo Horizonte, Frutal, Uberaba, Conselheiro Lafaiete e São João Del Rei e, ainda, em São Paulo. O material apreendido foi acondicionado em 84 sacos lacrados, contendo documentos, computadores, aparelhos celulares e mídias digitais

Nárcio Rodrigues foi levado ao prédio da Promotoria de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público estadual, onde foi ouvido na manhã desta segunda-feira, 30.

De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, há provas de que Rodrigues se valeu de contratos relacionados ao projeto Hidroex para captar recursos ilícitos para campanhas eleitorais do PSDB no período. A investigação teve início na Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais.

Segundo o MPMG, os desvios ocorreram entre 2012 e 2014 no estado, durante o governo de Antonio Anastasia, do PSDB, que é o relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado.

As fraudes tinham como objetivo levantar recursos para campanhas políticas no ano passado, segundo apontam as delações. 

Nárcio Rodrigues foi acusado por delatores da Operação Aequalis, deflagrada na manhã de ontem, de liderar um esquema que desviou cerca R$ 14 milhões foram desviados das obras de construção da ‘Cidade das Águas’ de Frutal, no Triângulo Mineiro.

Na Operação, foram presos Neif Chala, ex-servidor da Sectes, Alexandre Pereira Horta, engenheiro do Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais, Luciano Lourenço dos Reis, funcionário da CWP Engenharia Ltda e Maurílio Reis Bretas,  sócio administrador da CWP. 

Também foram presos Hugo Alexandre Timóteo Murcho, que é diretor no Brasil da da multinacional portuguesa Yser e da empresa Biotev Biotecnologia Vegetal ltda. Além deles, o português Bernardo Ernesto Simões Moniz da Maia, presidente da Yser, já é considerado foragido da Justiça. 

As investigações foram conduzidas pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Frutal e pelo Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (GEPP). O objetivo da operação foi colher elementos de prova sobre a prática dos crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, fraude a licitações, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As investigações foram intensificadas no segundo semestre de 2015, a partir da conjugação de esforços com a Controladoria-Geral do Estado que encaminhou ao Ministério Público relatórios conclusivos apontando o desvio de recursos públicos. Até o momento, não há indícios do envolvimento de autoridades com foro por prerrogativa de função. 

Também apoiaram a operação o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate ao Crime Organizado (Caocrimo), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberaba, a Coordenadoria de Crimes Cibernéticos (Coeciber) e o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet). 

Participaram do planejamento e da coordenação da operação nove promotores de Justiça. 

O cumprimento dos mandados foi realizado com o apoio de 37 servidores do MPMG, 140 policiais militares de Minas Gerais, 22 policiais militares de São Paulo, 15 policiais civis e oito auditores e gestores da Secretaria da Receita Estadual. 

Versão
Nárcio Rodrigues afirmou que o Brasil vive uma crise política e que, neste momento, é preciso "inventar culpados".

Repercussão
Com a prisão do tucano, que é um dos mais próximos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), viralizou ontem na internet o voto do deputado federal Caio Nárcio (PSDB-MG), filho de Nárcio, durante a votação do impeachment na Câmara dos Deputados.

Caio Nárcio citou o pai e afirmou que votava por "um Brasil da decência".

"Por um Brasil aonde meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não eram possibilidade, eram obrigação", disse Caio antes de votar a favor do impeachment. O deputado encerrou a fala com a citação: "Verás que um filho teu não foge à luta", disse o deputado durante a votação.

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